Era dos Descobrimentos

Portugal sabia, desde a época das Cruzadas, da existencia de riquezas e grande oportunidades comerciais no oriente, mais precisamente na Índia, onde o comercio de especiarias, pedras e ouro fervilhavam. Portugal tinha um objetivo estratégico claro, uma meta, uma vontade, um desejo, uma fixação.  Alcançar as Índias. Visava o oriente contornando a costa atlântica da África.  Outro fator motivador que movia os portugueses para novas conquistas era o reconhecimento e patrocinio papal, importante para a oficialização das conquistas. De outro lado, a intervenção de paises membros da Igreja Católica sobre novos territórios sem diocese apostólica, permitia aumentar o número de cristãos.

Os descobrimentos portugueses foram o conjunto de viagens e explorações marítimas realizadas entre 1415 e 1543 que começaram com a conquista de Ceuta no norte da África. Ceuta era uma cidade localizada no lado oriental do atual Estreito de Gibraltar, de onde os mouros empreendiam ataques, não só aos povos ibéricos do lado ocidental, como tambem às embarcações que ali navegavam. Ceuta era então uma ameaça para toda tentativa de navegação para fora do Mar Mediterrâneo. Portugal situa-se fora do mediterrâneo e por isso, pouco participava da navegação comercial interna. Tal fato, desde cedo, impulsionou os portugueses para a navegação em mar aberto.  Os descobrimentos permitiram a expansão portuguesa e deram um contributo essencial para delinear o mapa do mundo, insistentemente impulsionados pela procura de alternativas às rotas do comércio no Mediterrâneo. Com estas descobertas os portugueses  foram responsáveis por importantes avanços da tecnologia e ciência náutica, cartografia e astronomia, desenvolvendo os primeiros navios capazes de navegar em segurança em mar aberto no Atlântico.

Nas expedições às Ilhas Canárias e a partir da conquista de Ceuta em 1415, Portugal inicia um projeto de navegações oceânicas sistemáticas que ficaram conhecidas como "Era dos Descobrimentos Portugueses".

Já em 1418, os portugueses redescobrem a ilha de Porto Santo, e mais tarde da ilha da Madeira, de existencia já conhecidas desde o século XIV. Eram ilhas desabitadas mas que pelas condições ambientais favoraveis, reuniam condições para a exploração agrícola. Aliado as suas posições geograficas eram estrategicas no projeto de dominio dos mares, recomendando sua  ocupação e povoamento.

Em 1427, conseguem os primeiros contatos com o arquipélago dos Açores quando é descoberto o grupo oriental dos Açores, São Miguel e Santa Maria. Segue-se o descobrimento do grupo central, Terceira, Graciosa, São Jorge, Pico e Faial. Em 1452 o grupo ocidental de Flores e Corvo é descoberto.

A seguir Portugal direcionou suas viagens para o seu objetivo principal. A partir dai, todas expedições saiam em direção sul contornando a costa africana.

Em 1434 Gil Eanes contornou o Cabo Bojador no norte africano, dissipando o terror que este promontório inspirava. No ano seguinte, descobriu Angra de Ruivos e o Rio de Ouro, no Saara Ocidental.

Em 1441 Nuno Tristão chegou ao Cabo Branco. Juntamente com Antão Gonçalves fizeram incursões ao referido Rio do Ouro, de onde foi obtido ouro em pó. A partir de então ficou generalizada a convicção de que essa área da costa africana poderia, independentemente de novos avanços, sustentar uma atividade comercial capaz de responder às necessidades de numerário que, em Portugal, como em toda a Europa, se fazia sentir.

Em 1455 é emitida a bula “Romanus Pontifex” do Papa Nicolau V confirmando as explorações portuguesas e declarando que todas as terras e mares descobertos a sul do Bojador são pertencentes ao rei de Portugal, que poderá cobrar impostos sobre a navegação e comércio. No ano seguinte chegava o primeiro carregamento de açúcar produzido na Ilha da Madeira.

Em 1456, Diogo Gomes descobre Cabo Verde e segue-se o povoamento das suas ilhas. Em 1460, Pêro de Sintra atinge a Serra Leoa.

Em 1469, após descoberto e colonizado, dadas as poucas receitas da exploração, o rei de Portugal concedeu o monopólio do comércio no Golfo da Guiné ao mercador de Lisboa Fernão Gomes, contra uma renda anual de 200.000 réis.  Segundo tal acordo, ficava aquele honrado cidadão de Lisboa na obrigação de continuar as explorações, na condição de que em cada um destes cinco anos descobrisse pela costa em diante, cem léguas, de maneira que ao cabo do seu arrendamento devolvesse ao reino de Portugal, quinhentas léguas descobertas. Este avanço começou a partir da Serra Leoa.

Logo os portugueses chegaram ao Cabo de Santa Catarina, já no Hemisfério Sul.  Exploraram a costa setentrional do Golfo da Guiné, atingindo a minha de ouro de Sama (atualmente Sama Bay), a costa da Mina, a de Benin, a do Calabar e a do Gabão e as ilhas de São Tomé e Príncipe e de Ano Bom. Quando as expedições chegaram a Elmina na Costa do Ouro, em 1471, encontraram um florescente comércio de ouro.

Seguiram-se outros descobrimentos como o rio Soeiro, Fernão do Pó, que descobriu a ilha Formosa (na África). Em 1472 descobriram a Terra Nova, e em 1473 o Cabo Lopo Gonçalves, (hoje conhecido por Cabo Lopez),  ultrapassando o Equador.

Em sua primeira viagem, Diogo Cão fez o reconhecimento de toda a costa até à região do Padrão de Santo Agostinho, e em 1485, levou a cabo uma segunda viagem até à Serra Parda.

Em 1473 chegam carregamentos de açúcar da Madeira em Rouen e em 1479 em Dieppe.

Em 1479 é firmado o Tratado Alcáçovas-Toledo.

Em 1482 dá-se a construção da Fortaleza de São Jorge da Mina e, no ano seguinte, Diogo Cão chega ao rio Zaire. A Fortaleza de São Jorge da Mina e a cidade foram construídos em 1482 em redor da indústria do ouro. Com os lucros deste comércio, Fernão Gomes auxiliou o monarca na conquista de Arzila, Alcácer Ceguer e Tânger. Além da aquisição do ouro e malagueta, o comércio escravagista oferecia boas perspectivas de lucro.

Bartolomeu Dias, em 1488 comandando uma expedição com três Caravelas, atinge e ultrapassa o Cabo da Boa Esperança, apelidado por ele como o Cabo das Tormentas pela imprevisibilidade e contrastantes condições meteorologicas. Entraram no Oceano Índico movidos pela procura permanente de rotas alternativas ao esgotado comércio Mediterrânico.

Em 1487, D. João II envia Afonso de Paiva e Pêro da Covilhã em busca do Preste João e de informações sobre a navegação e comércio no Oceano Índico . Estabelecia-se assim a ligação náutica entre o Atlântico e o Oceano Índico.

Em 1492, Abraão Zacuto é expulso da Espanha por ser judeu, vindo viver para Portugal, trazendo consigo as tábuas astronómicas que ajudariam os navegadores portugueses no mar.

Neste mesmo ano de 1492, Cristovao Colombo, navegando pela Coroa Espanhola, chega a America no dia 12 de outubro.

Em 7 de junho de 1494 é firmado o Tratado de Tordesilhas.

Em 1498 chegam à Índia e, simultaneamente exploraram o Atlântico Sul. Estava alcançado o grande objetivo Portugues, as Índias.

Em 1499, após o retorno de Vasco da Gama da viagem que estabeleceu finalmente o caminho marítimo para as Índias, Pedro Álvares Cabral foi nomeado capitão-mor da armada que voltaria à Índia para estabelecer relações diplomáticas e comerciais com o Samorim, promovendo a imagem de Portugal e instalando um entreposto comercial ou feitoria, retornando com o máximo de mercadorias.

Foi a mais bem equipada armada do século XV, integrada por dez naus e três caravelas, transportando de 1.200 a 1.500 homens, entre funcionários, soldados e religiosos. Era integrada por navegadores experientes, como Bartolomeu Dias e Nicolau Coelho, tendo partido de Lisboa a 9 de março de 1500, após missa solene na ermida do Restelo, à qual compareceu o Rei e toda a Corte.

Mas Pedro Álvares Cabral, por alturas de Cabo Verde, desvia-se da rota. Tendo-se afastado da costa africana, a 22 de abril de 1500, após quarenta e três dias de viagem, avistou o Monte Pascoal no litoral sul da Bahia. No dia seguinte, houve o contato inicial com os indígenas. A 24 de abril, seguiu ao longo do litoral para o norte em busca de abrigo, fundeando na atual baía de Santa Cruz Cabrália, nos arredores de Porto Seguro, onde permaneceu até 2 de maio. Carta a El Rei D. Manuel escrita por Pero Vaz de Caminha descrevendo as terras brasileiras achadas na expedição de Pedro Álvares Cabral é escrita para seu destinatário.

Cabral tomou posse, em nome da Coroa portuguesa, da nova terra, a qual denominou de "Ilha de Vera Cruz" (mais tarde Terra de Santa Cruz e finalmente Brasil - face à abundante existência de madeira pau-brasil), e enviou uma das embarcações menores com a notícia, inclusive a Carta de Pero Vaz de Caminha, de volta ao reino. Cabral retomou então a rota de Vasco da Gama rumo às Índias.

Ao cruzar o cabo da Boa Esperança, perderam quatro dos navios, entre os quais o de Bartolomeu Dias, navegador que o descobrira em 1488. Diogo Dias contava entre os navegadores experientes da frota de Pedro Álvares Cabral na segunda armada à Índia. A 10 de Agosto de 1500, após ter dobrado o cabo da Boa Esperança, separou-se do resto da expedição devido aos ventos, e descobriu uma ilha a que deu o nome de São Lourenço, mais tarde designada Madagáscar. Sua embarcação se perdeu durante a tormenta, e acabou sendo o primeiro capitão português a viajar pelo mar Vermelho. Incapaz de prosseguir rumo à Índia, retornou a Portugal, onde chegou com apenas sete homens.

Em 1500, navegando no extremo da Ásia chegaram à China em 1513 e ao Japão em 1543.

A armada de Pedro Álvares Cabral chega a Calecute em 1501, onde ocorrem confrontos com o Samorim, com o qual acaba por romper relações. Assim, dirige-se para Sul e estabelece uma feitoria em Cochim.

A expedição de Pedro Álvares Cabral viria a abrir uma polémica historiográfica acerca do "acaso" ou da "intencionalidade" da descoberta. Note-se que uma das testemunhas que assinaram o Tratado de Tordesilhas por Portugal foi Duarte Pacheco Pereira, um dos nomes ligados a um suposto descobrimento do Brasil pré-Cabralino. Embora não existam evidências concretas a sustentar qualquer das hipóteses, é certo que por esta data já se tinha, na Europa, o conhecimento da existência de terras a leste da linha do Tratado de Tordesilhas.

Inicialmente o meridiano de Tordesilhas não contornava o globo terrestre. Assim, Espanha e Portugal podiam conquistar quaisquer novas terras que fossem os primeiros europeus a descobrir, ficando a Espanha para Oeste do meridiano de Tordesilhas e Portugal para Leste desta linha. Mas a descoberta pelos portugueses em 1512 das valiosas "ilhas das Especiarias", as Molucas (Indonesia) desencadeou a contestação espanhola, argumentando esta que o Tratado de Tordesilhas dividia o mundo em dois hemisférios equivalentes.

Em 1520, as ilhas Molucas valorizadas como o "berço de todas as especiarias", foram visitadas por Fernão de Magalhães, navegador português ao serviço da Coroa Espanhola. Concluída essa que foi a primeira viagem de circum-navegação (1519-1521), uma nova disputa entre as nações ibéricas se estabeleceu, envolvendo a demarcação do meridiano pelo outro lado do planeta e a posse das ilhas Molucas. Alegando que se encontravam na sua zona de demarcação conforme o meridiano de Tordesilhas, os espanhóis ocuparam militarmente as ilhas, abrindo quase uma década de escaramuças pela sua posse com a Coroa Portuguesa.

João III de Portugal e o imperador Carlos I de Espanha acordaram então não enviar mais ninguém buscar cravo ou outras especiarias às Molucas enquanto não se esclarecesse em que hemisfério elas se encontravam. Para a realização dos cálculos da posição, cada Coroa nomeou três astrónomos, três pilotos e três matemáticos, que se reuniram entre Badajoz e Elvas. Estes profissionais, entretanto, não chegaram a acordo, uma vez que, devido à insuficiência dos meios da época no tocante ao cálculo da longitude, cada grupo atribuía as ilhas aos respectivos soberanos.

O Tratado de Tordesilhas serviu como base para as negociações da Junta de Badajoz-Elvas (1524), quando Portugal e Espanha negociaram sobre as Molucas e as Filipinas, originalmente situadas na órbita portuguesa, consideradas castelhanas, em troca das pretensões portuguesas sobre a bacia do rio da Prata, no Brasil. Ou seja, as discussões sobre posses orientais influenciavam diretamente nas negociações sobre as terras do Brasil. A partir deste momento todas negociaçoes que tratassem de fronteiras americanas continham como moeda de troca o Rio da Prata.

Para solucionar esta nova disputa, celebrou-se o Tratado de Saragoça a 22 de abril de 1529. Este definiu a continuação do meridiano de Tordesilhas no hemisfério oposto, a 297,5 léguas do leste das ilhas Molucas, cedidas pela Espanha mediante o pagamento, por Portugal, de 350.000 ducados de ouro. Ressalvava-se que em todo o seu tempo se o imperador ou sucessores quisessem restituir aquela avultada quantia, ficaria desfeita a venda e cada um "ficará com o direito e a acção que agora tem". Ou seja, foi praticamente um emprestimo com direito à posse definitiva ou nao, feito por Portugal para a Espanha, onde aquela terras entravam como garantia do negocio.

O emprestimo se consumou em compra e a devolução dos valores e das terras nunca se sucedeu, entre outras razões, porque o imperador espanhol necessitava do dinheiro português para financiar a luta contra Francisco I de França e a Liga de Cognac.

Concluindo, a discriminação das conquistas como detalhado acima serve para dar a dimensão da grandiosidade das conquistas portuguesas. Importa destacar que nelas se sobressaem o desenvolvimento das ciencias nauticas, das embarcações oceanicas, a aptidão para o comercio, a aptidão para as negociações e a coragem para buscar alternativas de sobrevivencia em tão dificeis condições, tudo conseguido pela existencia de um grande lider com um claro e audacioso plano basico, o de alcançar as Índias.